Cenário Especial Macroeconomia e Mercados, por Eduardo Velho
Nesta quinta, avaliamos que o contexto predominante seria de menor aversão ao risco,
beneficiando um ajuste de realização do dólar doméstico (mas, moderado e
pontual) e alta dos preços das commodities. Hoje, as projeções de crescimento
revistas para alta em 2016 para importantes economias europeias tendem a
favorecer o euro ante o dólar (da Zona do Euro, de 1,7% para 1,9% e para 1,3%
e 1,8% para a Itália e França, respectivamente), às vésperas do payroll e do
IPCA de sexta-feira.
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MERCADOS: O
contexto de realização técnica e de menor aversão ao risco deve ser a
predominância dos mercados internacionais, com recuperação apenas “pontual” dos
preços das commodities no exterior.
INTERNACIONAL:
Hoje, esperamos que
as projeções de crescimento revistas para cima de importantes economias
europeias tendem a fortalecer o euro ante o dólar, mesmo que seja pontual, ou
seja, não seja a tendência para o ano. Foco com a crise ucraniana e a negociação grega, pois mesmo com o alívio de
“ sem radicalismo”, o alívio da dívida grega não é consenso entre FMI, França e
Alemanha por exemplo.
DÓLAR: Especulações em orno do aumento do
IOF sobre estrangeiros na aplicação de renda fixa potencializa a alta do dólar,
mas com espaço para realização moderada do dólar na abertura. Dólar piso de R$
2,7/US$ em nosso cenário para o final deste mês.
JUROS: Contexto de nova reavaliação das projeções de
inflação poderia manter o canal de alta dos juros futuros e sobretudo da aposta
majoritária de alta da Selic em 0,5 no Copom de março para 12,75%. Entretanto,
“escolha Petrobrás” e “resposta de cortes e aumento de impostos” potencializam repercussão
no recuo dos prêmios nas próximas.
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Na ausência de alteração relevante nas projeções
de inflação e da atividade de curtíssimo prazo, o mercado futuro de juros deve
prosseguir no dia a dia, a trajetória do dólar no exterior ( e doméstico) e o
impacto potencial nos preços. A
aceleração do dólar em fevereiro superior a 2% apenas em alguns dias reforça as apostas, ainda majoritárias na curva
futura, na manutenção no ritmo de alta do juro básico em 0,5 p.p, para
12,75% no Copom de março, mas esses prêmios já sofreram oscilações e continuamos a vislumbrar espaço para
ajustes de prêmios para baixo na curva curta. O impacto mais claro do
componente desinflacionário do hiato do PIB e também da inflação internacional
no segundo semestre não pode ser relativizado !!
A
expectativa de elevação da taxa de juros nos Estados Unidos até o final do I
semestre mantém a
pressão de alta dos juros das treasuries e aqui n Brasil, na curva longa. De
fato, ontem, o juro do DI do contrato de jan-2017 e de jan-2021 aumentaram de
12,50% para 12,54% e de 12,0% para 12,11%, respectivamente.
O IPCA de jan-2015 deve ser elevado ( acima de
1,20%), mas já está precificado, mas as
previsões de reajustes de preços administrados/monitorados ainda podem sofrer
alterações para cima, sobretudo no caso do setor de energia elétrica.
Deve-se ressaltar que os programas sociais nesse setor ( da ordem de R$ 8
bilhões) serão custeados na conta de luz dos consumidores .
Na ótica da política fiscal e cambial, avalio que, se efetivamente o governo
acionar o aumento do imposto sobre operações financeiras (IOF) sobre ingresso
de recursos externos para aplicações de renda fixa, no momento em que o
dólar segue pressionado em alta, deverá
reforçar esse movimento de desvalorização do real , porém beneficiando o
ajuste das contas externas brasileiras. Como destacamos ontem em nosso call
matinal, a confirmação de um nome renomado , até mesmo internacionalmente, para
a nova gestão executiva da Petrobrás , consolidaria uma nova postura da
política microeconômica no II mandato de Dilma.
No mercado internacional , o preço do barril do
petróleo parece não ter “forças” para manter um canal de alta de forma sustentável, com a manutenção das
cotas de produção da OPEP , do ritmo moderado de crescimento mundial ainda
moderado e do nível de estoques. A correção negativa entre o dólar mais caro e
commodities em queda deve manter a predominância em 2015. As vésperas do
payroll desta sexta-feira, o viés continua positivo para a economia
norte-americana , reforçando o nosso
cenário base de aumento do juro do fedfund ainda no segundo trimestre de 2015. De fato,
(i) consideramos que a
geração de empregos privados ( ADP) da
economia norte-americana da ordem de 213 mil - a despeito do número ter ficado
abaixo da expectativa de 240 mil – foi robusta no contexto da média do bimestre
( dez-2014 e jan-2015), com revisão para cima dos dados de dezembro e
comparativamente ao mesmo período de dez-2013 – jan-2014 Além disso , (ii) o viés foi de alta de indicadores
relevantes do setor de serviços do instituto Markit e sobretudo do ISM.
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Eduardo Velho
Economista e Consultor de Investimentos
Especial para o Cartezyan